CANGAÇO

Conhecido como o "Rei do Cangaço", Lampião e seu bando praticavam saques e aterrorizavam os grandes proprietários do nordeste brasileiro nas primeiras décadas do século XX.
Durante a Primeira República e o primeiro governo Vargas, o banditismo social também foi uma forma de resistência ao coronelismo do Nordeste.  
Os primeiros bandos cangaceiros apareceram durante o Segundo Reinado, mas foi após a Proclamação da República que o movimento cresceu e se espalhou por grande parte do sertão nordestino.
Podemos entender o cangaço como uma das formas de o sertanejo superar as dificuldades de seu cotidiano, marcado pela exploração extrema e pela ausência de perspectiva em relação ao futuro.
As pessoas que compunham os bandos de cangaceiros eram, em geral, vindos das camadas mais pobres da população. Mas muitos líderes de bandos eram originários das camadas médias ou mesmo de famílias ricas do sertão.
O cangaço, em termos econômicos, podia ser muito compensador, o que explica a presença de pessoas das classes altas.
Eram comuns as guerras entre os cangaceiros e os fazendeiros da região, mas, em muitas ocasiões, os coronéis buscavam apoio dos cangaceiros para reprimir inimigos políticos locais.
Apesar dessa característica, a repressão ao cangaço era feita pelas forças estaduais, as chamadas “volantes”, e pelas forças federais. A partir de 1930, com a instalação do governo de Getúlio Vargas, a repressão se intensificou e, no início da década de 1940, o movimento havia sido completamente reprimido.  
Alguns chefes de bandos tornaram-se muito conhecidos. O de maior renome foi Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Nascido no dia 4 de junho de 1898. Suas aventuras foram registradas em vários relatos, muitos deles excessivamente romanceados.
Lampião e os demais cangaceiros eram tidos como vingadores dos explorados porque assaltavam e matavam fazendeiros ricos.  
Dinheiro, prataria, animais, joias e quaisquer objetos de valor eram levados pelo bando. “Eles ficavam com o suficiente para manter o grupo por alguns dias e dividiam o restante com as famílias pobres do lugar”, diz o historiador Anildomá Souza.
Essa atitude, no entanto, não era puramente assistencialismo. Dessa forma, Lampião conquistava a simpatia e o apoio das comunidades e ainda conseguia aliados.
Criado com mais sete irmãos, três mulheres e quatro homens, Lampião sabia ler e escrever, tocava sanfona, fazia poesias, usava perfume francês, costurava e era habilidoso com o couro.  
“Era ele quem fazia os próprios chapéus e alpercatas”, conta Anildomá Souza. Enfeitar roupas, chapéus e até armas com espelhos, moedas de ouro, estrelas e medalhas foi invenção de Lampião.
O uso de anéis, luvas e perneiras também. Armas, cantis e acessórios eram transpassados pelo pescoço. Daí o nome cangaço, que vem de canga, peça de madeira utilizada para prender o boi ao carro.
Alto, 1,79 metros, pele queimada pelo sol sertanejo, cabelos crespos na altura dos ombros e braços fortes, Lampião era praticamente cego do olho direito e andava manquejando, por conta de um tiro que levou no pé direito. Destemido, comandava invasões a sítios, fazendas e até cidades.
Numa dessas fugas, foi para o Raso da Catarina, na Bahia, região onde a caatinga é uma das mais secas e inóspitas do Brasil.
Em suas andanças, chegou ao povoado de Santa Brígida, onde vivia Maria Bonita, a primeira mulher a fazer parte de um grupo de cangaceiros.
 A novidade abriu espaço para que outras mulheres fossem aceitas no bando e outros casais surgiram como Corisco e Dadá e Zé Sereno e Sila. Mas nenhum tornou-se tão célebre quanto Lampião e Maria Bonita.
Dessa união nasceu Expedita Ferreira, filha única do lendário casal. Logo que nasceu, foi entregue pelo pai a um casal que já tinha onze filhos.
Durante os cinco anos e nove meses que viveu até a morte dos pais, só foi visitada por Lampião e Maria Bonita três vezes.
“Eu tinha muito medo das roupas e das armas”, conta. “Mas meu pai era carinhoso e sempre me colocava sentada no colo pra conversar comigo”, lembra dona Expedita, hoje com 70 anos e vivendo em Aracaju, capital de Sergipe, Estado onde seus pais foram mortos.
 No dia 28 de julho de 1938, Lampião e sua companheira Maria bonita foram capturados e mortos pela polícia, em Poço Redondo, no sertão de Sergipe. 
 Ambos tiveram suas cabeças decepadas e expostas para servir de exemplo. Outros cangaceiros também foram mortos neste dia. 

BIBLIOGRAFIA : História – Das Cavernas ao Terceiro Milênio, Vol. único. – Myrian Beccho Mota , Patricia Ramos Braick - História, Volume único – Divalte Garcia Ferreira


 







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